Apenas 9% das mulheres acreditam que podem superar os rendimentos de investidores masculinos. Mas a falta de confiança delas, pelo que tudo indica, não está apoiada em dados.
O mercado financeiro tem sido historicamente dominado por homens, mas estudos recentes mostram que as mulheres vêm ganhando espaço e obtendo retornos financeiros superiores.
Um estudo conduzido pela Warwick Business School em 2018 revelou que mulheres investidoras tiveram um desempenho 1,8% superior ao dos homens ao longo do período analisado. O motivo? Uma abordagem mais cautelosa, que evita a especulação, reduz o número de negociações, aplica um olhar de longo prazo e prioriza a diversificação.
Neste artigo, exploraremos as principais diferenças trazidas na pesquisa.
Diferenças de Comportamento Entre Homens e Mulheres ao Investir:
1. A Relação com o Risco e a Especulação
Os homens tendem a ser mais propensos ao risco e à especulação, enquanto as mulheres adotam uma abordagem mais conservadora. O estudo da Warwick Business School mostrou que os investidores do sexo masculino operam com maior frequência, tentando obter ganhos rápidos, enquanto as mulheres realizam menos operações, evitando movimentos impulsivos que podem comprometer o desempenho da carteira no longo prazo.
O menor número de operações – feito por elas – também se reflete em menos custos.
Essa diferença de tendência pode ser explicada pela influência da psicologia no processo de tomada de decisão. Homens, muitas vezes, têm maior confiança em suas decisões financeiras, o que pode levá-los a assumir riscos elevados. Já as mulheres, por outro lado, tendem a analisar detalhadamente suas opções antes de investir, preferindo segurança e previsibilidade.
2. Visão de Longo Prazo
Outro fator importante é a perspectiva de tempo. As mulheres demonstram uma inclinação maior para investimentos de longo prazo, evitando estratégias de curto prazo que podem ser voláteis e arriscadas. Isso se reflete na escolha de ativos mais sólidos e na menor necessidade de ajustes frequentes na carteira.
Um relatório da BlackRock revelou que as mulheres geralmente investem com um objetivo claro em mente, seja ele a aposentadoria, a educação dos filhos ou a construção de patrimônio. Essa abordagem focada em metas contribui para escolhas mais estáveis e sustentáveis.
3. Frequência de Negociação
A alta rotatividade na carteira pode prejudicar os retornos financeiros devido a custos de transação e exposição a riscos desnecessários. Homens tende a negociar seus ativos com mais frequência, enquanto as mulheres mantêm suas posições por mais tempo.
Um levantamento da Fidelity Investments apontou que as mulheres realizam 35% menos transações por ano do que os homens. Essa menor movimentação resulta em menos gastos com taxas e em uma melhor preservação do patrimônio investido.
4. Diversificação
Dentre os diversos fatores que contribuem para o melhor desempenho das mulheres no mercado financeiro, a diversificação da carteira é um dos mais cruciais. A diversificação consiste em distribuir os investimentos entre diferentes classes de ativos (ações, títulos, fundos imobiliários, renda fixa, entre outros), reduzindo a exposição a riscos específicos e melhorando a estabilidade dos retornos.
Mulheres demonstram uma inclinação natural para a diversificação, pois sua abordagem mais cautelosa as leva a evitar concentrar grandes quantias em ativos altamente voláteis. Estudos da UBS e da BlackRock indicam que mulheres têm maior probabilidade de investir em fundos diversificados e ETFs (Exchange Traded Funds), em vez de apostar em poucas ações individuais.
Essa estratégia tem uma vantagem clara: ao investir em diferentes setores e classes de ativos, a carteira se torna mais resiliente às oscilações do mercado. Assim, quando um setor apresenta dificuldades, outros podem compensar as perdas, garantindo maior estabilidade financeira.
O que esperar de um mundo com mais mulheres investidoras
A participação feminina no mercado financeiro está crescendo de forma acelerada, e essa tendência deve se intensificar nos próximos anos. De acordo com um relatório da McKinsey & Company, espera-se que até 2030, as mulheres controlem cerca de US$ 30 trilhões em ativos financeiros globalmente, impulsionadas por maior participação no mercado de trabalho e heranças recebidas.
Com essa expansão, o mercado de wealth management (gestão de fortunas) será diretamente impactado. As instituições financeiras precisarão adaptar seus serviços para atender às demandas e preferências das mulheres investidoras, que tendem a priorizar transparência, sustentabilidade e consultoria personalizada.
Além disso, a crescente presença feminina pode incentivar um ambiente mais equilibrado e menos especulativo no mercado, já que as mulheres demonstram maior interesse em investimentos sustentáveis e de impacto social. Essa mudança pode levar a um setor financeiro mais estável e focado na criação de valor a longo prazo.
Fontes:
Estudo da Warwick Business School (2018)
Estudo da UBS sobre a diversificação de carteiras femininas:
Levantamento da Fidelity Investments sobre a frequência de negociação entre gêneros
Relatório da BlackRock sobre o comportamento de investimento feminino